Uma pessoa foi detida no
Vaticano por posse de documentos secretos na investigação que a polícia
vaticana realiza pelo vazamento de notícias reservadas ao papa, anunciou nesta
sexta-feira (25) o porta-voz da igreja.
“A
pessoa foi detida com documentos confidenciais”, afirmou o padre Federico
Lombardi, ao se referir à investigação aberta pelas autoridades internas
vaticanas devido ao vazamento de centenas de cartas e documentos reservados ao
papa Bento 16 sobre temas polêmicos internos.
A
investigação da polícia foi autorizada por uma comissão de cardeais e é de
responsabilidade do chamado “procurador” de justiça do Vaticano. Segundo
Lombardi, em declarações à imprensa, a pessoa detida está à
disposição da magistratura do Vaticano. O nome e o cargo do indivíduo não
foi informado.
Segundo
o jornal italiano Il Foglio, os
documentos internos foram vazados pelo “mordomo” do Papa, embora a publicação
não descarte que se trate apenas de um “bode expiatório” para apresentar
rapidamente um culpado.
O
anúncio da prisão, algo inédito no Vaticano, ocorre um dia após a destituição
do presidente do Banco do Vaticano, o Instituto para as Obras Religiosas (IOR),
Ettore Gotti Tedeschi, exonerado por “não ter cumprido com seu dever”. A
demissão de Tedeschi foi decidida ao término de uma guerra interna pela
aplicação das normas internacionais para a transparência e contra a lavagem de
dinheiro sujo.
Em
janeiro, documentos confidenciais divulgados pela imprensa italiana – o
escândalo batizado como “Vatileaks”, confirmaram as lutas internas para o
cumprimento das normas sobre a transparência.
Há um
mês, Bento 16 criou uma comissão formada por três cardeais para investigar o
vazamento reiterado de documentos internos.
A
publicação nesta semana de uma série de cartas confidenciais dirigidas ao papa
sobre temas delicados, como as intrigas do Vaticano ou os escândalos sexuais do
padre mexicano Marcial Macial, em um livro gerou desconcerto e incômodo na
Santa Sé.
Para o
autor do livro, com o título “Sua santidade, as cartas secretas de Bento XVI”,
escrito por Gianluigi Nuzzi, autor do bem-sucedido “Vaticano SA” (“Vaticano
Sociedade Anônima”), sobre as finanças da igreja, “emergem os confrontos
secretos e as armadilhas em todos os níveis” que se espalham nos palácios
apostólicos.
Este é
o mais comprometedor vazamento de documentos na história recente do Vaticano,
que, por isso, anunciou ações legais contra o que classificou de “crime”.